segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
Soneto da Donzela Ansiosa, Bocage
Deitada donzela em fofo leito,
Deixando erguer a virginal camisa,
Sobre as roliças coxas se divisa
Entre sombras subtis, o pachacho estreito.
De louro pelo um círculo imperfeito
Os papudos beicinhos lhe matiza;
E a branca crica, nacarada e lisa,
Em pingos verte alvo licor desfeito.
A voraz piça as guelras encrespando
Arruma a focinheira, e entre gemidos
A moça treme, os olhos requebrados.
Como é ainda boçal, perde os sentidos.
Porém vai com tal ânsia trabalhando,
Que os homens é que vêm a ser fodidos.
in "Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas"
Deixando erguer a virginal camisa,
Sobre as roliças coxas se divisa
Entre sombras subtis, o pachacho estreito.
De louro pelo um círculo imperfeito
Os papudos beicinhos lhe matiza;
E a branca crica, nacarada e lisa,
Em pingos verte alvo licor desfeito.
A voraz piça as guelras encrespando
Arruma a focinheira, e entre gemidos
A moça treme, os olhos requebrados.
Como é ainda boçal, perde os sentidos.
Porém vai com tal ânsia trabalhando,
Que os homens é que vêm a ser fodidos.
in "Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas"
És dos Céus o Composto Mais Brilhante, Bocage
Marília, nos teus olhos buliçosos
Os Amores gentis seu facho acendem;
A teus lábios, voando, os ares fendem
Terníssimos desejos sequiosos.
Teus cabelos subtis e luminosos
Mil vistas cegam, mil vontades prendem;
E em arte aos de Minerva se não rendem
Teus alvos, curtos dedos melindrosos.
Reside em teus costumes a candura,
Mora a firmeza no teu peito amante,
A razão com teus risos se mistura.
És dos Céus o composto mais brilhante;
Deram-se as mãos Virtude e Formosura,
Para criar tua alma e teu semblante.
Bocage, in 'Sonetos'
Os Amores gentis seu facho acendem;
A teus lábios, voando, os ares fendem
Terníssimos desejos sequiosos.
Teus cabelos subtis e luminosos
Mil vistas cegam, mil vontades prendem;
E em arte aos de Minerva se não rendem
Teus alvos, curtos dedos melindrosos.
Reside em teus costumes a candura,
Mora a firmeza no teu peito amante,
A razão com teus risos se mistura.
És dos Céus o composto mais brilhante;
Deram-se as mãos Virtude e Formosura,
Para criar tua alma e teu semblante.
Bocage, in 'Sonetos'
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